Os nossos antepassados já usavam molduras para delimitar o espaço das suas pinturas e desenhos. As fronteiras da arte, existiam antes de serem denominadas molduras, apareceram por volta de 2000 a.c. nas pinturas de tumbas egípcias. Há relatos que essa primeira manifestação artística era através de traços pintados em forma de quadros. Curiosamente, o processo de elaboração de uma obra de arte acontecia no sentido inverso de hoje. Os primeiros quadros apareceram no século XIII com o nascimento dos painéis pintados da baixa Idade Média, a moldura não era originalmente um produto em si. As molduras eram de madeira e serviam como suporte para a pintura, muito longe do que são hoje, a parte utilizada para pintar vinha da diminuição da superfície, formando assim uma borda elevada. A função prática desse quadro era principalmente proteger a pintura. Para finalizar a pintura da obra, a fronteira era então pintada na cor vermelha, depois dourada e decorada.
Manifestações Egípcias - Akhenaton, Nefertiti e as princesas reais fragmento de relevo de Tell el-Amarna, 1350 a.c (XVIII Dinastia).
Era um processo muito caro para a época, que inibia a confecção de obras em grandes proporções, pois era quase impossível encontrar tábuas com grandes dimensões que pudessem ser esculpidas. Com o passar dos anos, avanço das técnicas de marcenaria, as molduras puderam ser fabricadas, sendo cortadas e anexadas a um painel com a possibilidade do mesmo efeito só que de uma forma bem mais eficiente. No século XIV, surgem as molduras em formas de retábulos, com influência das fachadas góticas ou plantas com colunas em espiral. Os retábulos se caracterizavam por suas colunas em espiral, harcos e as ogivas que descansavam em placas.
Durante os séculos XV e XVI, as pinturas eram encomendas feitas pela Igreja, os retábulos eram essas principais encomendas e eram peças fixas. O Renascimento foi o divisor de água para uma significativa mudança nesse cenário. Nobres começaram a dividir o mecenato com a igreja e cada vez mais colecionavam pinturas e esculturas em suas propriedades.
LUCA SIGNORELLI (1445 a 1523) - Madona e criança - Óleo sobre madeira
Como precisavam transportar essas obras, surgiu a necessidade de uma armação mais leve e portátil, as molduras passaram a ter um sentido funcional de proteção e estético. O século XV foi marcado como a primeira autonomia de quadros funcionais, onde a pintura e a moldura deixam de ser uma única peça, a moldura começa a ter forma independente das obras. Com o aumento das obras de retrato, era necessária uma moldura com menos referência religiosa.
No reinado de Luís XIII, surgiram novos perfis de moldura com arabescos dos mais diversos possíveis, que originou ao processo natural do estilo barroco de molduras. A Europa foi influenciada por essa magia de produção. Madeira e gesso eram usados em perfis mais rebuscados. O Barroco estava em seu ápice, originando para os excessos do Rococó.
No século XVIII surgiram as molduras mais leves, finas com uma grande tendência para o uso do bambu. O século XIX é diferente de qualquer outro período na história de quadros, com um estilo eclético, muitos novos perfis de molduras e novas formas de montá-los foram sendo criados. Existia uma grande variedade de estilos, originando uma criatividade peculiar.
Vindo para mais perto, no século 21, as molduras antigas chegaram como uma tendência da moda, combinando o quadro com a pintura do mesmo período. A partir do ano 2000, as molduras mudaram de cenário, aparecem com recursos tecnológicos, principalmente na sua produção, que até então, era feita de maneira mais artesanal. Os anos passaram, mas o valor histórico permanece aclamado!
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